Você já quis saber mais sobre lesão de menisco e o que fazer? Sou o Dr Murillo Mourão, médico ortopedista e especialista em joelhos, formado pelo Hospital das Clínicas da UFMG, e hoje vamos conversar sobre isso.
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O que é menisco:
O menisco, com sua forma semicircular e semelhante a uma meia-lua, é uma estrutura crucial dentro do joelho. Composta por cartilagem fibrosa, ele desempenha várias funções essenciais, atuando como um amortecedor e distribuidor de forças que o joelho enfrenta em nossas atividades diárias.
Cada vez mais reconhecido como fundamental para o funcionamento adequado do joelho, o menisco desempenha papéis importantes, incluindo lubrificação, estabilização e absorção de impacto dentro da articulação.
Devido à sua importância, tem havido uma tendência global em preservar o menisco sempre que possível. Sua remoção está associada a um aumento significativo nas taxas de degeneração da cartilagem no joelho, eventualmente levando ao desenvolvimento de condições como a condropatia.
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Qual a função do menisco?
O papel central do menisco é absorver o impacto dentro do joelho. Contudo, suas funções vão além disso. Além de agir como um amortecedor eficaz, o menisco desempenha um papel crucial na estabilização da articulação do joelho.
Especificamente, o menisco medial atua como um suporte fundamental entre o fêmur e a tíbia, colaborando com o ligamento cruzado anterior para evitar que a tíbia se mova para frente durante a desaceleração do joelho.
Por outro lado, o menisco lateral facilita a rotação externa e interna do fêmur sobre a tíbia, agindo como um guia para esse complexo movimento.
Além dessas funções, os meniscos também desempenham outras importantes:
- Facilitam a distribuição do líquido sinovial para nutrir a cartilagem do joelho.
- Contribuem para a percepção do movimento do joelho pelo cérebro, estimulando a resposta muscular rápida aos estímulos, em um processo conhecido como propriocepção.
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Sintomas e tipos de lesão de menisco:
Os sintomas de uma lesão meniscal podem se manifestar de diversas maneiras, como inchaço no joelho, dor, sensação de bloqueio, instabilidade, dificuldade para dobrar o joelho e estalidos. Por meio de uma avaliação minuciosa da história clínica do paciente, um exame físico detalhado e, em muitos casos, a realização de uma ressonância magnética, o médico ortopedista pode diagnosticar a lesão meniscal.
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Existem diferentes tipos de lesões meniscais, incluindo:
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Diagnóstico:
Da mesma forma que nas lesões dos ligamentos do joelho, é essencial que o médico obtenha uma história detalhada do paciente. Em lesões traumáticas agudas, é comum ouvir relatos de entorse ou de ter pisado de forma incorreta, seguido de um estalo seguido de dor e bloqueio. Em esportes como o jiu-jitsu, as lesões geralmente ocorrem durante a passagem de guarda, com o pé ficando preso abaixo do adversário, seguido de rotação para dentro ou para fora do fêmur sobre a tíbia.
A próxima etapa envolve o exame físico. Existem mais de 20 técnicas descritas para avaliar a lesão meniscal, mas uma das mais comuns é o teste de Smiley. Nesse teste, palpa-se a área do menisco que está dolorida, seja na parte interna (menisco medial) ou externa (menisco lateral) do joelho, uma área aproximadamente do tamanho de uma moeda.
Outro teste frequentemente usado é o teste de McMurray. Nele, o médico realiza rotações internas e externas do joelho enquanto o dobra e estende. O teste é considerado positivo se houver dor ou sensação de bloqueio.
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Em seguida, solicitamos exames de imagem. As radiografias geralmente não são específicas para as lesões meniscais, e a eficácia do ultrassom depende da habilidade do médico radiologista. Por essa razão, a ressonância magnética é considerada o exame preferencial para o diagnóstico das rupturas e outras lesões dos meniscos.
Através da ressonância magnética, é possível diagnosticar, localizar e avaliar a extensão da lesão, além de ajudar no diagnóstico de variantes mais complexas, como as lesões na raiz meniscal.
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Tratamento:
A determinação do tratamento mais adequado depende de uma avaliação conjunta entre o médico e o paciente, considerando uma variedade de fatores, como idade, nível de atividade física, presença de lesões associadas, intensidade dos sintomas e tipo de lesão.
As opções de tratamento podem incluir:
- Tratamento conservador: Em casos de sintomas mínimos, pode-se optar por não intervir diretamente na lesão meniscal.
- Modificações no estilo de vida: Mudanças na atividade física e na dieta para promover a perda de peso podem ser recomendadas.
- Fisioterapia: Programas de reabilitação podem ser prescritos para fortalecer os músculos ao redor do joelho e melhorar a estabilidade articular.
- Infiltrações: Injeções de substâncias como corticosteroides ou ácido hialurônico podem ser utilizadas para aliviar a dor e reduzir a inflamação.
- Cirurgia: Nos casos em que os sintomas são significativos e o paciente deseja retornar a atividades esportivas, a cirurgia pode ser necessária.
Quando se trata de lesões meniscais, os princípios básicos incluem a tentativa de preservar o menisco sempre que possível, através de técnicas de sutura conhecidas como meniscorrafia. No entanto, se a sutura não for viável, a remoção do menor segmento possível do menisco pode ser necessária.
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E sobre a recuperação da cirurgia do menisco?
O período pós-operatório de uma cirurgia de menisco envolve uma série de variáveis que afetam o uso de muletas, o alívio da dor e o retorno ao esporte. Esses fatores incluem idade, condição muscular, tipo de lesão e procedimento cirúrgico realizado.
No caso de meniscectomias, é comum que pacientes mais jovens necessitem de um período menor de uso de muletas e retornem mais rapidamente às atividades esportivas. Quando a intervenção é focada no menisco medial, os sintomas tendem a aliviar mais rápido, e atletas profissionais podem retornar ao esporte em um prazo de 15 a 21 dias. Por outro lado, a recuperação pode ser um pouco mais lenta quando o menisco lateral é abordado, devido à sua maior inervação e cicatrização mais demorada.
Em casos de sutura do menisco, é fundamental um período de cerca de 6 semanas sem carga na perna operada e o uso de muletas para promover a cicatrização adequada. Alguns cirurgiões solicitam exames de artro-ressonância para monitorar a recuperação do tecido, especialmente quando a fixação da raiz do menisco é realizada.
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