Você já sentiu ou sente dores nos joelhos e não sabe do que se trata? Pode ser artrose no joelho. Sou o Dr Murillo Mourão, médico ortopedista e especialista em joelhos, formado pelo Hospital das Clínicas da UFMG, e posso te ajudar nessa queixa. Vem comigo entender mais sobre o assunto.
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O que é?
É o processo de desgaste das articulações, também conhecido como osteoartrose e tem início na cartilagem do joelho. Faz parte do processo natural de envelhecimento, assim como os cabelos ficarem brancos ou caírem. Por isso, não acredito que possa ser considerado uma doença em si.
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A articulações são cobertas por um tecido chamado cartilagem. Esse tecido não consegue se regenerar sozinho. Por isso, os danos sofridos ao longo da vida ou como resultado de alguma lesão acabam se somando e dão início ao processo de “envelhecimento” dessa articulação. Com o passar do tempo, a cartilagem vai se tornando cada vez mais fina e frágil.
Como uma tentativa de aumentar a área de contato, ou de estabilizar mais essa articulação desgastada, o nosso corpo reage com a formação de uma maior superfície óssea ao redor da região afetada: que são os chamados “bicos-de-papagaio” ou osteófitos. Eles, apesar de serem mais famosos na coluna, ocorrem em praticamente toda articulação que passa pelo processo de desgaste.
A artrose ocorre naturalmente com o passar do tempo, assim como os cabelos ficam brancos! Não deveria ser uma preocupação do paciente a presença ou não dos “bicos de papagaio”, pois eles estarem ou não presentes não muda o tratamento. Como comentamos anteriormente, faz parte do processo natural de envelhecimento.
Por exemplo: após os 75 anos de idade, cerca de 85% das pessoas têm alterações relacionadas à artrose nas radiografias, mas a boa notícia é que menos da metade dessa porcentagem queixa-se de dor crônica.
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Artrite ou Artrose?
Usualmente, chamamos de artrose a condição causada por um processo mecânico de desgaste das articulações. Nesse caso, podemos ter:
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- Artrose “primária”, quando não se encontra uma causa específica para que ocorra (também chamado de idiopática);
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- Artrose “secundária”, que ocorre após fraturas* ocorridas no passado, lesões ligamentares, lesões tumorais que precisaram ser removidas.
* Sobre as fraturas e lesões ligamentares, é importante que seja lembrado que, independentemente de quão bem tratadas são essas lesões, o risco de artrose em um joelho que já foi lesionado é sempre maior que no joelho sem um histórico de lesão.
Reservamos o termo “artrite” para as condições que tem um processo inflamatório ou auto-imune por trás. Como exemplo, podemos citar:
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- Artrite reumatóide, frequente causa de desgaste nos joelhos com necessidade de tratamento cirúrgico;
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- Artrite gotosa, causada pela reação do corpo aos depósitos de cristais de uma substância chamada de pirofosfato de cálcio;
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- Artrite psoriásica, condição rara relacionada à doença de acometimento da pele;
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- Artrite séptica, que é uma “urgência ortopédica”: é causada pela presença de microrganismos (bactérias ou fungos) dentro da articulação e que precisa prontamente de um tratamento cirúrgico.
Por outro lado, a Sociedade Brasileira de Reumatologia pontua que “artrite” e “artrose” são termos sinônimos entre si na prática médica. De toda forma, a importância aqui está no tratamento ser efetivo independentemente do nome dado para a doença.
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E quais são os sintomas?
O desgaste pode estar presente na articulação que sustenta o nosso peso: entre o fêmur e a tíbia; ou pode estar presente na articulação entre o fêmur e a patela.
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Os sintomas variam, mas observamos com mais frequência os seguintes:
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- Dor ao redor do joelho, que piora com a movimentação ao longo do dia.
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- Sensação de “travamentos” no joelho.
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- Inchaço ao redor do joelho, que aumenta com a realização de atividades como caminhar, subir e descer escadas.
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- Aumento de temperatura ao redor do joelho de forma crônica.
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- Diminuição na mobilidade dos joelhos, com dificuldade para calçar sapatos, sentar em locais apertados como poltronas de avião, cinema, entre outros.
Arqueamento das pernas, conforme imagem:
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Quais são as causas?
Como discutimos acima, existem vários tipos de acometimentos e cada uma delas carrega algumas peculiaridades. De forma geral, podemos dividir as causas de desgaste nos joelhos entre:
1) Fatores que não podemos mudar:
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- Idade: À medida que envelhecemos, nossas articulações passam por mudanças naturais que as tornam mais suscetíveis a danos e lesões.
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- Sexo: As mulheres têm mais chances de desenvolver artrose, especialmente após a menopausa: quando os níveis hormonais mudam.
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- Hereditariedade: Se outros membros da família têm artrose, você também pode ter mais chances de desenvolvê-la.
2) Fatores que podemos controlar:
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- Excesso de peso: Estar acima do peso coloca mais pressão nas articulações, aumentando o risco de artrose, especialmente nos joelhos.
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- Doenças relacionadas (Ex. Artrite reumatoide, diabetes e deficiências nutricionais): O controle dessas doenças pode levar a melhores resultados no controle da dor causada pela artrose e, com isso, evitar/postergar o tratamento cirúrgico.
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- Sarcopenia: O envelhecimento associado a perda excessiva de músculos pode acontecer se não nos exercitarmos o suficiente, tivermos doenças crônicas ou não comermos bem. Essa perda de músculos leva a fraqueza, menor mobilidade e um maior risco de quedas e fraturas.
Lesões antigas no joelho: fraturas ou lesões de ligamentos podem aumentar o risco de desenvolver artrose no futuro. O diagnóstico correto dessas lesões e tratamento efetivo faz com que a chance de desgaste no joelho seja menor que na ausência de tratamento.
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Como é o tratamento?
A respeito do tratamento, a máxima dos hábitos de vida saudáveis tem sempre espaço na medicina e aqui não seria diferente.
Como a artrose é uma doença progressiva e sem cura, o objetivo é a melhora da dor e da mobilidade do paciente com o quadro, a fim de retomar a qualidade de vida.
Há uma variedade de tratamentos a serem adotados para a melhora da função dos joelhos. Buscamos seguir sempre uma lógica progressiva de tratamentos, partindo dos mais simples e menos invasivos até aqueles que precisamos lançar mão de cirurgias.
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TRATAMENTOS CONSERVADORES
Atividade física
Ao contrário do pensamento de boa parte das pessoas, a prática regular de atividade física é uma excelente maneira de se evitar os sintomas relacionados à artrose dos joelhos. É importante também que se tenha um bom tônus muscular, para evitar os sintomas durante a prática de atividade física.
Ainda sobre os exercícios físicos, é importante que sejam acompanhados de profissionais de saúde de confiança, para que não sejam realizados de uma maneira incorreta ou com carga/intensidade além do suportado.
Fisioterapia
A fisioterapia tem uma importantíssima atuação na prevenção dos sintomas relacionados ao desgaste e também no tratamento conservador quando os sintomas já começaram a aparecer.
Infiltração articular
Em determinados casos, há benefício com uso de infiltrações de medicamentos no joelho. É importante que seja realizada avaliação de cada caso devido às peculiaridades existentes em cada caso.
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Existem basicamente dois tipos de infiltrações articulares que são liberadas para a prática clínica no Brasil: a triancinolona e o ácido hialurônico (viscossuplementação). A diferença principal entre elas está no tempo de início de efeito e tempo de duração do efeito, tendo o ácido hialurônico um efeito mais duradouro porém com início de ação mais lento.
A realização ou não de determinado tipo de infiltração é uma decisão compartilhada entre o cirurgião de joelho e o paciente. São indicadas para pacientes que tiveram uma piora na qualidade de vida, apesar das outras terapias menos invasivas, e naqueles pacientes que não desejam realizar o tratamento cirúrgico. Os resultados, quando bem indicados e com seguimento adequado, podem durar por cerca de um ano ou mais e podem ser repetidos diversas vezes.
É realizado em local adequado, com técnica adequada para limpeza e descontaminação da pele. Há o uso de anestésico local, o mesmo utilizado para se “dar pontos” na pele, e após a anestesia não há mais dor. Pode ser também utilizado aparelho de ultrassom para melhor orientação do procedimento.
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TRATAMENTOS CIRÚRGICOS
Nos casos em que o paciente ainda continua com dores com a realização do tratamento não-cirúrgico, há a indicação para as alternativas cirúrgicas. A depender do grau e da localização do desgaste, podem ser realizadas cirurgias que preservam alguma parte da articulação do joelho (como as osteotomias) ou das cirurgias de “substituição” da articulação do joelho (próteses de joelho).
Artroscopia
As cirurgias minimamente invasivas (artroscopias) tem indicação pontual, sendo raras as vezes em que pode acarretar algum benefício duradouro para o paciente.
Osteotomia
Na articulação do joelho, dividimos a superfície articular que suporta o nosso peso em região medial (interna) e região lateral (externa). Além do suporte de peso, temos uma articulação na região “da frente” do joelho: entre a patela e o fêmur.
Quando o desgaste apresentado no joelho se restringe a somente um desses compartimentos de suporte de peso (ou o medial ou o lateral), a cirurgia de osteotomia pode ser uma boa alternativa.
Prótese de joelho
É a alternativa mais “assertiva” para o tratamento do desgaste dos joelhos. Tem a indicação naqueles pacientes em que há um desgaste em dois dos três compartimentos do joelho. Além disso, tentamos antes de tudo os demais tratamentos menos invasivos e, quando há falha, pensamos na realização da prótese de joelho.
É uma cirurgia de grande porte, que depende bastante da técnica e da experiência do cirurgião e por isso é importante a escolha de um bom cirurgião. O Dr Murillo Mourão, além de ter uma boa formação em cirurgias do joelho, tem experiência neste tipo de cirurgia e vários casos operados com sucesso.
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A colocação de prótese nos joelhos tem resultados bastante animadores, motivo pelo qual é realizada com altas taxas de satisfação dos pacientes. No entanto, as expectativas quanto à cirurgia precisam de ser bem alinhadas antes do procedimento ser realizado, bem como os riscos de insucesso e de possíveis complicações. Todos esses pontos devem ser discutidos abertamente entre paciente, familiares e médico cirurgião do joelho.
Existe um tempo médio de durabilidade dos implantes, que faz com que não seja normalmente indicada em pacientes jovens. A duração da prótese depende de uma série de fatores, como:
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- Nível de atividade do paciente;
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- Peso corporal;
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- Adesão às orientações médicas;
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- Reabilitação pós-operatória;
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- Qualidade do osso onde a prótese está fixada;
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- Entre outros
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Cirurgia robótica na prótese de joelho
Como a medicina encontra-se em constante evolução, atualmente encontra-se em ascensão o uso de auxílio robótico na cirurgia de prótese de joelho. Com ela, conseguimos uma maior previsão dos resultados e a redução da dor pós-operatória dos pacientes. Ainda enfrenta certas limitações devido ao seu custo e por não estar disponível em todos os hospitais.
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Aguardo você.
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E muito relativo por esse motivo e necessário que o médico tenha apatia mesmo quando está cuidando de um paciente idoso